Conheça a Biografia Oficial do piloto petropolitano que revolucionou o automobilismo do Brasil.
Este material exclusivo é parte do acervo particular da Família Corrêa e não pode ser reproduzido ou copiado sem autorização expressa.
Este site foi financiado pela Lei Paulo Gustavo, através da FunCultura - Petrópolis
Nascido em 24 de Janeiro de 1900 em Petrópolis, Irineu Corrêa foi o principal piloto de automobilismo no início do esporte no Brasil, entre 1920 e 1935.
Aos 13 anos de idade, sai de casa escondido, vai até o Rio de Janeiro e embarca clandestino para alcançar seu sonho: Detroit, a Capital Mundial dos Automóveis.
Após muitas dificuldades, consegue entrar na empresa Studebaker, onde foi auxiliar de mecânico, mecânico, motorista e passa a pilotar os carros nas corridas de demonstração. Em 1920, em uma corrida em piso de madeira na Chester Fair, uma feira agropecuária tradicional, vence a corrida, se tornando o primeiro brasileiro a conquistar uma vitória internacional.
Irineu retorna ao Brasil em 1923, junto da empresa Studebaker, sediada no Rio de Janeiro, sendo o mecânico chefe responsável pela manutenção de todos os automóveis da montadora.
Em 1924, casa-se com Zina Sayão. Posteriormente, nasce Nadir Corrêa, única filha do casal.
No dia 16 de agosto de 1925, foi realizada a prova do Kilometro Lançado, dentro da 1ª Exposição de Automobilismo realizada pelo Automovel Club do Brasil.
Na categoria acima de 25 HP , Irineu Corrêa ganhou o primeiro lugar com tempo de 37 segundos.
Correndo com o Studebaker N.6, Irineu Corrêa foi o ganhador da categoria Profissional acima de 25 Hp.
A primeira estrada Rio - São Paulo, dessa época, passava por Campo Grande, Piray, Bananal e Arrozal. A prova foi patrocinada pelo presidente Washington Luiz, que começa a imaginar um novo traçado para a ligação das cidades mais importantes do país.
Naquela época, algumas corridas aconteciam nas estradas e ruas, em meio ao tráfego. A subida da Serra Rio Petrópolis ainda é a mesma que hoje faz parte da BR-040 e foi considerada anos mais tarde como o circuito mais bonito do mundo, devido às montanhas verdes e a paisagem exuberante.
A principal prova de automobilismo Sul Americano era sediada na Argentina. Um raid entre Buenos Aires - Rosário e Córdoba. Irineu foi o primeiro brasileiro a competir na Argentina neste ano e apesar de não ter conseguido concluir a prova devido a quebra do seu carro Studebaker, conquistou muitos admiradores devido a sua performance destemida e arrojada e por isso foi convidado de honra no ano seguinte.
No dia 13 de Maio de 1927, foi realizado nas ruas de Porto Alegre, o Circuito de Outono, vencido por Irineu Corrêa, um percurso de 150 quilometros, concluido em 1h 53m e 5s. Esta vitória coloca o piloto petopolitano como o principal nome do automobilismo brasileiro.
Em 5 de fevereiro de 1928, Irineu inicia sua segunda participação no GP Nacional da Argentina e apesar de vários percalços, conquista o brilhante segundo lugar, levando a bandeira brasileira para o pódio mais importante do automobilismo da América Latina.
Na volta ao Brasil, é recebido como herói pelos companheiros do Automóvel Club, em um jantar oficial na sede da organização. Seu carro, porém, sofre com embargos aduaneiros e a cobrança de impostos indevidos.
Participando das celebrações de inauguração da atual Rodovia Washington Luiz, a prova Rio São Paulo foi vencida e teve o recorde de tempo e velocidade quebrados por Irineu, que era tido como um garoto propaganda da integração nacional das Estradas de Rodagem.
Em sua terceira participação no GP Nacional da Argentina, Irineu conquista o quarto lugar. Foi sua ultima prova pilotando um Studebaker.
O período entre os anos de 1929 e 1933 foi de baixa produtividade para o automobilismo nacional. A grande depressão norte americana e as incertezas politicas prejudicaram as competições nacionais. As unicas provas que se tem noticia, foram as subidas de montanha Rio Petrópolis, com a participação de Irineu em um Bugatti type 35, que apesar de ser um carro de ponta, não rendeu como esperado.
Organizado pelo Automovel Club do Brasil, com forte apoio do presidente Getulio Vargas, o primeiro Circuito da Gávea atraiu muitos admiradores e alguns competidores internacionais. Por uma infelicidade, o carro de Irineu quebrou logo na largada, causando decepção generalizada. Este fato motivou o campeão petropolitano, que já carregava o apelido de Leão de Petrópolis, a buscar a Ford Motors, conseguindo um carro competitivo para a prova do ano seguinte.
Competindo com um Ford V8 de Série, com modificações apenas na lataria e um tanque de combustível extra e Numero 90, Irineu Corrêa foi o grande vencedor desta prova que reuniu mais de 200 mil espectadores ao longo do percurso que saia da Rua Visconde de Albuquerque, contornava o morro Dois Irmãos, cruzava toda a Rocinha e retornava pela Estrada da Gávea.
Esta competição foi a principal prova do automobilismo Latino Americano até a Década de 50. Atraiu a atenção de muitos competidores Europeus, Argentinos e até Americanos.
Detalhe da placa do carro N.90: Irineu levou o nome de "Petrópolis" para o lugar mais alto do pódio, na maior prova de automobilismo da América Latina.
No ano de 1935, com todo o favoritismo ao seu lado e guiando um Ford V8 de Série, com numero 32, daquele mesmo ano, Irineu teve seu fim dramático logo na primeira curva da prova. A tristeza que abateu os torcedores foi tamanha, que demorou algumas décadas para o automobilismo voltar a ser um esporte preferido das massas. Muito se especula sobre o acidente, mas o que é certo, é que Irineu doou sua vida para unificar e profissionalizar o esporte a motor no país. Seu legado perdurou por muitas décadas e sua audácia ao volante é lembrada para sempre.
A foto trágica do acidente que vitimou Irineu, não foi publicada na época, em respeito do fotógrafo ao ídolo das pistas. Esta foto reaparece nos anos 2010, em no blog Carioca do Rio, e a partir dela, o bisneto do piloto - Thomaz Corrêa (eu), começa o projeto de pesquisa que culmina neste site. É uma foto inacreditável para os anos 1935, e que só é menos incrível do que toda a carreira do piloto pioneiro, o Leão de Petrópolis.
A tristeza deste acidente, só foi comparada ao momento trágico da morte do maior piloto brasileiro de todos os tempo, Ayrton Senna da Silva.
Este fato me faz pensar por que as duas histórias são tão parecidas e conectadas. Porque os dois ídolos das pistas, que angariava multidões de torcedores, que carregava a bandeira brasileira pelos lugares mais altos, tiveram fins tão parecidos? Não tenho respostas para dar, mas a minha admiração pelos dois corredores é eterna. Obrigado, Irineu Corrêa e Ayrton Senna, os dois Silvas do Brasil.
Contato: thomaz.correa@gmail.com
Conheça a trajetoria completa adquirindo o ebook: Irineu Corrêa, o Leão de Petrópolis